Hollow...
Cada vez mais este espaço (e, curiosamente, eu próprio) se afasta daquilo que o fez nascer. A intensidade das sensações - as boas e más - desvanece-se lentamente.Ainda não tenho razões para acreditar que o tempo tudo cura... mas tenho que admitir: já não é nada como antes. Todas aquelas feras que me rasgavam a carne; os vendavais que me atiravam contra as paredes; todas as veias que me faziam sangrar as agonias; a escuridão espessa que se (me) afundava; os gestos dela, crus, que docemente me esmagavam (era inútil... tão lentamente... tão vagarosamente... tudo em mim, que não isto, foi drenado por aquele veneno...). Tudo drenado.
"A minha chave entra na nossa porta..."
(...)
Como se diz em Maldoror... "Oh céus... Como é possível viver... depois de ter provado tanta volúpia?..."
Yet... o tempo passa. E as emoções vão sendo domadas... enquanto a paz assenta.
Todo aquele fervor... droga viciante... que quase se tornava insuportável...
Todo o sofrimento que se seguiu - e descrições aqui não serão necessárias (ou basta reler todos os posts anteriores)...
Todo aquele esgar queria dizer apenas - alguém um dia me apontou - que estava vivo. Que sentia. Que era. Ascoroso ou não... dorido ou não... Eu era.
E penso nisto agora... neste momento em que me tento levantar depois de intermináveis dias e noites de hibernação, torpor e misantropia. Tempos em que nada sinto. Em que existo apenas porque há a saudade (e porque nunca me esquecerei dela). Mas de resto, e porque o tempo teima em ir levando as minhas coisas, apercebo-me que a distância me afasta daqueles sentimentos. E o que sinto é que já não sinto. O que sinto é que nestes dias tenho estado "em ausência". Não tenho nada do que tive... de bom... e de mau...
E eu pensava que era preferível... eu pensava que era melhor para mim... Mas apercebo-me, em horror, que... tenho estado... vazio...
E era isto que era melhor para mim?
R:.
Isto?